Lisistrata/ Pesquisa Teatral

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Sobre o autor

Busto de Aristófanes
Aristófanes (gr. Ἀριστοφάνης) é o principal representante da "Comédia Antiga". Suas comédias, as únicas que chegaram integralmente até nós, são até hoje consideradas verdadeiras obras-primas do gênero cômico.
Os méritos poéticos de Aristófanes, porém, não foram muito apreciados pelos eruditos alexandrinos — eles conservaram suas obras, aparentemente, pelos simples fato de serem a fonte mais pura do dialeto ático antigo...


Biografia


Pouco se sabe de certo a respeito da vida pessoal de Aristófanes. Grande parte das informações disponíveis, sugeridas pela parábase das comédias que chegaram até nós, tem sido desconsiderada cada vez mais pela crítica moderna.
Nasceu por volta de 447 a.C, em Atenas, e seu pai se chamava Filípides; foi criado provavelmente no meio rural, talvez em uma propriedade na ilha de Egina. Consta que se tornou careca por volta dos vinte anos, que exerceu um cargo público — a pritania — no início do século -IV, e que teve dois filhos que seguiram carreira no teatro cômico, Araros e Filipos. Ele é mostrado por Platão, no Banquete, como um companheiro agradável, jovial e divertido.
Cleon (fl. 430/422 a.C), influente político que se destacou em Atenas após a morte de Péricles (495/429 a.C), foi diretamente satirizado por ele e, segundo a tradição, processou-o sem sucesso em 426 a.C. Nova sátira, ainda mais pesada, motivou um segundo processo em 424 a.C, resolvido aparentemente através de acordo fora dos tribunais.
Aristófanes compôs um total de quarenta peças e obteve nos concursos pelo menos seis primeiros prêmios e quatro segundos prêmios. Embora toda sua vida intelectual tenha transcorrido em Atenas, apresentou certa vez uma de suas peças no teatro de Elêusis. Sua primeira comédia, Os Convivas, estreou em 427 a.C sob o nome de Calístrato, o ensaiador da peça, e obteve de saída o segundo prêmio. Suas duas últimas comédias, Cocalos e Eolosicon foram encenadas por seu filho Araros após 388 a.C. Acredita-se que o poeta tenha morrido pouco depois, em algum momento entre 386 a.C e 380 a.C.






Obras sobreviventes


De toda sua obra somente onze comédias completas sobreviveram mas, em compensação, todas puderam ser datadas de modo razoavelmente preciso: Os acarnenses (425 a.C), Os cavaleiros (424 a.C), As nuvens (423 a.C), As vespas (422 a.C), A paz (421 a.C), As aves (414 a.C), Lisístrata (411 a.C), As tesmoforiantes ( 411 a.C), As rãs(405 a.C), As mulheres na Assembléia (392 a.C) e Pluto (388  a.C). Acarnenses, Cavaleiros, Vespas, Paz e Lisístrata tratam da vida política; Nuvens, Tesmofóriantes e Rãs criticam a vida intelectual; Aves, Mulheres na Assembléia e Pluto são alegorias, ou comédias de fuga (Starzynski, 1967).
Restaram também numerosos fragmentos de suas outras comédias, que permitiram reconstituir, ao menos em parte, o argumento de algumas delas.






Características da obra


As comédias anteriores a 400 a.C mostram duas preocupações básicas: fazer o público rir e criticar as instituições políticas e intelectuais da Atenas daquela época. E, em meio à linguagem viva e pitoresca dos diálogos, também estão presentes trechos de grande beleza poética, notadamente nas odes corais.
Todos os recursos cômicos imagináveis foram usados com grande maestria pelo poeta, desde a sátira mais grotesta até a malícia mais sutil: situações ridículas, cenas fantásticas, personagens alegóricos, caricaturas de personagens humanos reais e de deuses, pilhérias, ironias, jogo de palavras, trocadilhos, mal-entendidos, exageros, substituição de palavras esperadas por outras inesperadas, palavras compridas, paródias (de autores trágicos, principalmente), neologismos, provérbios...                                                                 Aristófanes recorria também com frequência à licenciosidade e à obscenidade, o que sem dúvida pode chocar os desavisados leitores modernos. Não se deve, no entanto, esquecer que o pudor de nossos tempos desenvolveu-se somente nos últimos 200 anos, e que os antigos encaravam com muito mais naturalidade esse tipo de gracejo. Além disso, as festas dionisíacas que originaram a comédia derivaram de antigos rituais de fertilidade em que o elemento sexual era componente relevante.
As críticas de Aristófanes atingiam a tudo e a todos. Chefes políticos, a Assembléia, os tribunais e os juízes, os militares, os poetas trágicos, os poetas cômicos, os filósofos, o povo em geral, os velhos, os jovens, as mulheres... ninguém escapou de sua verve. As intenções morais por trás das críticas eram, porém, muito sérias: o poeta defendia sempre os valores antigos, a vida rural e, em especial, a paz — tão desejável durante a Guerra do Peloponeso.
Nas duas últimas comédias, Mulheres na Assembléia e Pluto, nota-se uma redução expressiva das partes corais, o desaparecimento da sátira política e uma importante atenuação da sátira pessoal, o que coloca ambas no terreno da "Comédia Intermediária" ou, pelo menos, em pleno período de transição. É possível que uma das últimas obras de Aristófanes, Cocalos, apresentada por seu filho Araros entre -388 e -380, tenha inaugurado alguns aspectos da "Comédia Nova", introduzindo na comédia alguns aspectos românticos que caracterizariam posteriormente esse subgênero.

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