Lisistrata/ Pesquisa Teatral

domingo, 29 de agosto de 2010

A MULHER NO DIREITO GREGO CLÁSSICO: UMA ABORDAGEM LITERÁRIA

   Por: Arnaldo Moraes Godoy

O presente artigo tem por objetivo identificar a presença da mulher no direito grego clássico, valendo-se de fontes literárias, vinculando direito e literatura. Primeira leitura sugere mulheres fortes, dominantes, donas da mais absoluta liderança. Teríamos Aspásia (na vida real), Medéia, Lisístrata e Antígona (na ficção teatral). Sintetizam exceções, fatos isolados, ensaios de igualdade num mundo de homens, que negaram às mulheres a mais variada gama de direitos. As mulheres não participavam da política, atividade que os gregos mais teriam prezado.

Aspásia, a mais famosa cortesã da antigüidade, vivera com Péricles, líder ateniense, no século V a.C. . O matrimônio fora dificultado pela proibição do casamento entre atenienses e estrangeiros. Segundo Mário Attilio Levi, biógrafo de Péricles:
“Depois de um casamento mal sucedido e que acabou em divórcio, ele se uniu a Aspásia, mulher de grande cultura e elevada educação, natural de Samos, a quem não podia desposar porque os matrimônios com mulheres daquela ilha não estavam entre os que eram consentidos entre atenienses e estrangeiros. Aspásia, mesmo não passando de um concubina, sonha granjear-lhe muitas amizades no meio intelectual.”

O biógrafo de Péricles, a propósito de Aspásia, traça características da difícil vida das mulheres de Atenas :
“A moral ainda corrente na Atenas do século V não tornara agradável a vida da mulher no casamento, pelo menos entre as camadas elevadas. A mulher dessa condição não recebia a mesma educação que era ministrada ao marido e, enquanto a mulher do povo não guardava distâncias em relação a seu cônjuge e participava de suas atividades, a da aristocracia tinha de viver no gineceu, isolada dos homens da casa, e pouco saindo.”
A historiografia tradicional sempre reservou a Aspásia posição incômoda. Embora bonita, culta, inteligente, Aspásia é a “outra”, a “hetaira”, a “cortesã”. Ainda segundo Mário Attilio Levi:

“Aspásia era de Mileto, filha de Axíoco, e tinha a educação e os costumes das mulheres da cidade Jônia, onde a condição feminina era bastante diferente da das atenienses.”

Aspásia representa exceção na história grega. Seu nome chega até nós por causa de vida em comum com Péricles, que eclipsou a política ateniense na época clássica. Tratemos agora de Medéia, Lisístrata e Antígona, evidenciadas em peças teatrais. O teatro grego era espaço político, orientado para a formação cívica, com papel ideológico próximo ao dos espetáculos contemporâneos de massa, como o cinema. Possibilitava ambiente de catarse coletiva. Ria-se com as comédias, e rindo castigam-se os costumes. Chorava-se com as tragédias; e a dor alheia diminuía a dor de cada um.

O espaço ocupado pelo teatro lembra-nos um ouvido, e a semelhança caracteriza as qualidades acústicas do ambiente. Às mulheres era vedado a representação. Máscaras diferenciavam os caracteres, no que toca à idade, ao sexo. Na altura dos lábios as máscaras tinham espécie de corneta, por onde o som passava e era potencializado. É conhecida mais tarde pelo latim “per sonare”, origem de riquíssima representação semântica, que varia de pessoa a personagem, personalidade. Marcantes as tragédias. De acordo com a helenista francesa Jacqueline de Romilly, “a tragédia grega é um gênero à parte que não se confunde com nenhuma das formas adotadas pelo teatro moderno” . Ainda, segundo a mesma autora, “(...) a tragédia grega apresentava, uma linguagem diretamente acessível da emoção, uma reflexão sobre o homem” . Segundo T.B.L. Webster, “os gregos eram acostumados a ver as coisas em níveis diferentes, aparência heróica e emoções humanas, a mesma estória na tragédia e na comédia” .


Medéia é tragédia de Eurípedes estreada em 431 a.C..A intensidade das interrogações em Medéia é muito maior do que a segurança das respostas. Medéia é arquétipo da mulher abandonada, humilhada, tomada de fúria, vingativa. Todos os males decorrentes do abandono de seu homem abateram-se sobre ela, que não consegue racionalizar sua circunstância. Medéia é a mulher decaída, rebaixada. Jasão abandona Medéia, dela cansado, preparando-se para casar-se com a filha do rei de Corinto. Segundo Paul Harvey, “a deserção e a ingratidão do homem amado despertam o lado selvagem de Medéia, e seu rancor é ostensivo” . Medéia mata os filhos que tivera de Jasão, fugindo para Atenas, onde obtivera asilo do rei Egeu. Segundo Mário da Gama Kury, tradutor da peça para o português:
“A tônica de Medéia é o ódio sobre humano em que se transforma o amor da heroína por Jasão, quando este a repudiou para casar-se com a filha do rei da região que os acolhera. (...) A peça evolui de uma Medéia abatida pelo repúdio do marido, esposa traída que definhava no leito e nem sequer levantava as pálpebras para abrir os olhos, aparentemente conformada com a sorte, para uma mulher animada por um terrível desejo de vingança e extermínio, que não se detinha diante do infanticídio, como vindita extrema para o aniquilamento completo do marido perjuro.”


É uma Medéia desesperada que despede-se do marido traidor: “Vai logo embora! Estás ansioso por rever a tua nova amante e contas os momentos desperdiçados longe do palácio dela. Corre! Vai consumar depressa o casamento, pois se os deuses me ouvirem tuas reais bodas serão de tal maneira estranhas que nem tu hás de querer a noiva para tua esposa!”


Arrependida, implora pela volta do amado desertor: “Imploro, Jasão! Peço-te perdão por tudo que já te disse; deves ser compreensivo em meus momentos de exasperação, depois das provas incontáveis de paixão recíproca!”


Decidida, Medéia faz dos filhos instrumento de vingança: “Faltam-me forças para contemplar meus filhos. Sucumbo à minha desventura. Sim, lamento o crime que vou praticar, porém maior do que minha vontade é o poder do ódio, causa de enormes males para nós, mortais!”

A decisão é irrevogável, adapta-se a concepção de destino que Medéia concebe: “Não volto atrás em minhas decisões, amigos; sem perder tempo matarei minhas crianças e fugirei daqui. (...) De qualquer modo eles devem morrer e, se é inevitável, eu mesma, que os dei à luz, os matarei.”


A reação de Jasão centra-se na culpa de Medéia, fazendo com que o ouvinte da peça diminua a atuação pretérita do marido errante: “Monstro! Mulher de todas a mais odiada por mim e pelos deuses, pela humanidade! Tiveste a incrível ousadia de matar tuas crianças com um punhal, tu, que lhes deste a vida, e também me atingiste mortalmente ao me privar dos filhos!”

Saudoso dos filhos chora o marido emigrado: “Ah! Lábios adoráveis de meus filhos tão infelizes! Quero acariciá-los!...”


E com a razão da mãe abandonada, conclui Medéia:
“Hoje lhes falas, queres afagá-los; até pouco nem os procuravas.”


Medéia simboliza a mulher abandonada que encarna os problemas de todos os homens. A tradição ocidental pretende esquecer-se da traição de Jasão, centrando a tragédia no ato criminoso de Medéia. A heroína matara os filhos e por isso o leitor corre a incriminá-la. Porém a gênese da catástrofe vincula-se na traição de Jasão, gerador do infortúnio, protagonista intelectual do desastre. Não se trata de defender-se Medéia, cercando-a de todas as possíveis excludentes de criminalidade ou circunstâncias mitigadoras da pena. Muito menos apressada página de vitimologia, fundamentada em Heitor Piedade Júnior, denunciando a vítima, como responsável pelos eventos danosos. Mas há indisfarçável relação de causa e efeito. A traição dera início a toda a ira, a comportamento irracional que redundava na morte das crianças, seres elevados a categoria de eternas vítimas, do escorço bíblico das pragas do Egito, ao não menos evangélico episódio de Herodes, à cruzada medieval das crianças, aos massacres da Guerra do Paraguai, denunciados por Júlio Chiavenatto. Trata-se de delatar a peça como resultado de entendimento de mundo que reputa ao macho o vigoroso, o robusto, o forte, o varonil, o valente, o corajoso, o destemido, reservando à mulher o fraco, o raquítico, o tímido, o medroso. Nem que esse medo seja a fórmula da coragem da mulher que matou os filhos. Medéia inaugura galeria de mulheres humilhadas. Nós tentamos protegê-las. Os gregos culpavam-nas pela ousadia do protesto.
Fala-se agora de Lisístrata, ateniense que chefiara greve de sexo, deliciosa comédia de Aristófanes, poeta cômico que passara a infância na ilha de Égina. Segundo Mário da Gama Kury:
“Cansadas de uma guerra que já durava 20 anos, as mulheres de Atenas, de Esparta, da Beócia e de Corinto (cidades gregas mais duramente atingidas pela luta), chefiadas pela ateniense Lisístrata, decidiram pôr fim às hostilidades usando de uma tática pouco ortodoxa: uma greve de sexo.”


A peça estreou na primavera de 411 a.C. e traduz a idéia de que as mulheres poderiam assumir o poder e forçar a conclusão de uma paz, abstendo-se das relações sexuais enquanto a guerra durasse . O enredo insiste na sexualidade como atributo feminino de mais alta importância. O tema é da mais transcendente atualidade, indicando mulheres que choram por maridos e filhos, bravos guerreiros, perdidos em guerras burras. Lisístrata principia a peça lamentando que as mulheres demoravam para aparecer na assembléia convocada para discussão de um plano de ação contra a guerra:
“Se fosse para uma bacanal ou coisa parecida nem teria sido necessário convidá-las. Como é para coisa séria, até agora nenhuma mulher apareceu.”

Lisístrata categoricamente prevê ato heróico, com o objetivo de salvar a Grécia da guerra, com o auxílio das demais mulheres:
“Fique certa de que o destino do país está em nossas mãos. Se falharmos a pátria estará perdida, será destruída por tantas lutas fraticidas. Mas se nós, as mulheres, nos unirmos, as mulheres de todos os rincões da Grécia, o país estará salvo.”

E insiste na comicidade e jocosidade que a linguagem da comédia permite:
“O meio é exatamente esse! Se ficarmos em casa, bem pintadas, com vestidos transparentes, deixando ver certos lugares bem depiladinhos, e quando nossos maridos avançarem para nós, taradinhos, loucos para nos agarrar, nós não deixarmos, garanto que eles votarão logo pela paz!”


E continua:
“Em último caso, vocês deixam, mas de má vontade e sem cooperar. Não há prazer nessas coisas quando forçadas. Além disso é preciso fazê-los sofrer. Fique tranqüila, eles entregarão logo os pontos pois o homem sem mulher não tem prazer em nada.”


Discutindo com um comissário, Lisístrata identifica a agressiva maneira como as mulheres eram tratadas, privadas de voz, de opinião:
“Falo mesmo. No princípio da guerra nós, com a moderação própria das mulheres, suportamos tudo de vocês, homens (como vocês fizeram tolices!), pois vocês não nos deixavam abrir a boca. E vocês não faziam coisa alguma para nos agradar. Nós que conhecíamos vocês muito bem, quando às vezes ficávamos sabendo de resoluções desastradas sobre assuntos importantíssimos, perguntávamos a nossos maridos: ‘Que foi que decidiram na assembléia hoje a respeito da paz?’, ‘Que é que você tem com isso?’ dizia meu marido; ‘Cale-se!’ E eu me calava”.

A estratégia de Lisístrata e de suas companheiras fora bem sucedida. Os maridos renunciaram à guerra e voltaram aos lares. Ao meio de efusões gerais, danças, cantos, um político anuncia a paz:
“Espartanos, agarrem suas mulheres! Atenienses, segurem as suas! Isso! Os maridos perto das mulheres, as mulheres grudadas nos maridos. Depois de festejar esse fim feliz com danças em honra dos deuses, tratemos de evitar no futuro os mesmos erros que nos deixaram por tanto tempo sem... paz!”

As entrelinhas da peça permitem que o leitor moderno identifique a mulher no cenário helênico. A medida encabeçada por Lisístrata, extrema, comprova posição submissa. À mulher seria vedado o direito de opinião, reservado aos homens da cidade. Como adverte Claude Mossé, o termo “cidadã” deve ser usado com prudência: identifica apenas a mãe, mulher, filha, irmão do cidadão ateniense e nada mais . Não há como falarmos da mulher ateniense usufruindo direitos reservados aos homens. Nesse sentido, segundo Michael Grant, a comédia de Aristófanes é peça de protesto . Ainda segundo o mesmo estudioso:
“Na vida pública elas [as mulheres] não desempenhavam nenhum papel. (...) Nas cidades-estado em geral as mulheres nunca detiveram cidadania, nunca ocuparam postos, e não participaram abertamente de atividades políticas, como em todas as outras civilizações, desde o início dos tempos. Privadas de controlar até seus negócios e interesses pessoais, as mulheres gregas estavam, juridicamente falando, sob a tutela do homem, e não gozavam do direito de obter ou dispor de propriedade.”
O comportamento grego destoa de modernas tendências de eliminação de todas as formas de discriminação contra a mulher, esforço que mais obstáculos encontra para implementar direitos humanos em igualdade de condições . Simplesmente, a mulher grega era discriminada. O universo feminino ático pode também ser descortinado em Antígona, conhecida peça de Sófocles, apropriada pelos saberes jurídicos, para efeitos de exemplificação de direito natural. Sófocles nascera em Colonos, perto de Atenas. Vivera em Atenas na época de Péricles, no século V a.C., momento de riqueza e de esplendor. Orienta suas obras em torno do eixo temático de Édipo, o herói que matara o pai e casara-se com a própria mãe. Antígona era a filha incestuosa de Édipo, nascida do ventre da infeliz Jocasta. Paul Harvey, em obra de referência de literatura clássica resume a poesia dramática de Antígona: “Creôn, rei de Tebas, havia proibido sob pena de morte para os desobedientes o sepultamento do cadáver de Polineices. Antígona resolve desafiar o edito ultrajante e realiza os ritos fúnebres do irmão. Surpreendida nesse ato, ela é levada à presença do rei enfurecido. Antígona justifica seu procedimento como sendo ditado pelas leis soberanas do deuses. Creôn, irredutível, condena-a a ser seputada viva em uma caverna subterrânea.”


Antígona desafiou a concepção positivista de norma, invocando regras transcendentais como justificativa para sua atitude de desafio. Sua ação deve ser avaliada num contexto, onde à mulher não era deferido o uso da lei, pelo que desprovida de direitos, num ambiente de poder masculino, mundo de homens, conforme observou H.D.F. Kitto,
“É inevitável que Antígona deveria desaparecer, mas não é inevitável que tão pouco deveria ser dito sobre sua saída (...).”

Ismênia, irmã de Antígona, realisticamente adverte a heroína de que a condição feminina as diminui:
 “Convém não esquecer ainda que somos mulheres, e, como tais, não podemos lutar contra homens; e, também, que estamos submetidas a outros, mais poderosos, e que nos é forçoso obedecer a suas ordens, por muito dolorosas que nos sejam.”

O Coro, que expressa a opinião pública, admite desigualdades, que em nada diminuiriam o gênero humano. Nesse sentido, utiliza-se a palavra “homem” como designativa de humanidade, em impressionante passo antropocêntrico: “Numerosas são as maravilhas da natureza, mas de todas a maior é o homem!”

Os textos de filosofia do direito em geral tomam o partido de Antígona, na luta da heroína contra o aparente radicalismo do rei Creonte. Porém um dos irmãos de Antígona fora privado de sepultura porque traíra a cidade, lutando ao lado inimigo. Justifica-se Creonte: “Não é justo dar ao homem de bem, tratamento igual ao do criminoso”.

Creonte insiste na aplicação da lei. Antígona representa comportamento desviante, merecedor de punição:
“Quem, por orgulho e arrogância, queira violar a lei, e sobrepor-se aos que governam, nunca merecerá meus encômios.”  

E decreta a pena: “Levá-la-ei a um sítio deserto; e ali será encerrada, viva, em um túmulo subterrâneo, revestido de pedra, tendo diante de si o alimento suficiente para que a cidade não seja maculada pelo sacrilégio.”


Antígona sente também penalidades indiretas que a privam de existência plena de mulher: “E agora sou arrastada, virgem ainda, para morrer, sem que houvesse sentido os prazeres do amor e os da maternidade. (...) Deuses imortais, a qual de vossas leis eu devo obedecer?”


O artigo propõe outra leitura de Antígona. Ao indicar mulher desafiadora das leis da cidade, Sófocles imputa ao sexo feminino comportamento inadequado. Leitura contemporânea queda-se enamorada da fragilidade da heroína. Leitura pretérita percebe leis que são desafiadas pela protagonista da tragédia. Enquanto leitores discutem se leis devem ser cumpridas sem crítica (tema afeto ao positivismo normativista da tradição kelseniana), apoiando Antígona em detrimento de Creonte, optando pelo direito natural, esquece-se a tradição que um dos irmãos da heroína traíra a cidade. A condição da mulher na Grécia clássica é resumida por um grego contemporâneo: “Na antiga sociedade grega as mulheres eram privadas de direitos civis e não eram autorizadas a implementar nenhum transação, em nome próprio, elas não podiam nem possuir, nem comprar ou vender propriedade.”


A família era comandada pelo homem. Como observou Maurice Croiset, “sua constituição fundamental repousava no poder paterno” . O direito ateniense velava pela pureza das relações, vedando aproximações maritais com mulheres estrangeiras: “Se alguém desse uma mulher estrangeira em casamento para um cidadão homem como se a mulher fosse de sua família, perderia os direitos de cidadania, sua propriedade seria confiscada e um terço de seus bens seriam entregues ao delator.”


Virgindade e fidelidade eram exigidas das mulheres: “A sociedade ateniense também considerou a preservação da virgindade como pré-condição para casamento com honra, com muita severidade, e inseriu grande peso à fidelidade sexual das mulheres, além da legitimidade dos filhos.”

Mas havia também a mulher do povo, a habitar os submundos da antigüidade,

“Imaginem um cenário de teatro, o de uma tragédia clássica ou de uma ópera: coluna, um templo, o esboço de construções reais. No primeiro plano, evoluem generais, oradores, reis ou rainhas (...) Todavia, de tempos em tempos, no fundo da cena, abre-se uma porta, uma armação é afastada, e, no espaço de um instante, é um espetáculo bem diferente que se revela ao público: não mais palácios, porém choupanas em ruínas; não mais reis ou generais, porém uma população compósita, ao mesmo tempo miserável e perigosa.”

A tradição ocidental quer esquecer que o esplendor do conjunto arquitetônico do Partenon contrastava com o urbanismo medíocre da cidade, onde mulheres humildes sofriam muito mais do que as mulheres que freqüentavam a riqueza e a opulência. Prostitutas havia num bairro chamado cerâmico, onde os amantes de belas moças, dos prazeres fáceis, encontravam satisfação . Atenienses detentores de poder e de cidadania possuíam esposas como guardiães de seus lares e garantidoras de descendência legítima, concubinas para cuidados diários e prostitutas para o prazer . As mulheres caídas na prostituição eram designadas com o termo “pornê”, o que, etimologicamente, significa “vendida” ou “à venda”. Segundo Catherine Salles, a palavra vinculava-se “não à profissão degradante dessas mulheres, mas ao fato de que – sendo em grande maioria escravas – haviam sido vendidas num mercado” . A lógica grega não exigia o ser amado, suscitava apenas o amor, o prazer. O vinho e o peixe não nos amam; apesar disso os usamos com muito prazer . Rígida, efetivamente, a separação entre esposa e prostituta: “Se as esposas desfrutam de certa consideração à medida que põem no mundo os futuros cidadãos, as prostitutas são relegadas, pelos menos teoricamente, à categoria de objetos de prazer, desprovidas de qualquer personalidade.”

Subordinação das mulheres é marca que contempla o passado grego. Fontes literárias indicam os contornos dessa realidade. O mundo grego é pranteado pela tradição ocidental que faz vistas grossas a circunstâncias depreciativas, a exemplo do menoscabo para com mulheres. É que o passado é presa do presente, que apodera-se do pretérito, qual um salto de tigre , na deliciosa imagem de Walter Benjamin . A questão remete-nos ao confronto entre universalismo e relativismo no tempo, exigindo uma hermenêutica que apreenda cronologias distintas. Porém, causa repúdio toda circunstância maculada pela exploração e pela violência.

Texto de Lisístrata

Segue o link para o texto original de Lisístrata para vocês baixarem e fazerem comparativos com a adaptação do Péricles Raggio que estamos montando.

http://oficinadeteatro.com/component/jdownloads/?task=view.download&catid=4&cid=73

Um texto sobre Lisístrata.

                Entre as clássicas comédias gregas, há inúmeros exemplos que constituem grandes obras literárias. Lisístrata ou A Greve do Sexo, de Aristófanes é uma delas. A leitura desta comédia é simplesmente deliciosa, não só pelo tema central do enredo que é próximo e essencial a todos os seres humanos, como também e, principalmente, pela qualidade e originalidade na construção das cenas, dos personagens e das situações por meio de um criativo e minucioso trabalho de linguagem.

                Basicamente a história da peça é a seguinte. Na Grécia, atenienses e espartanos travam uma guerra fratricida que enfraquece o povo grego de forma geral e torna o país mais vulnerável a conquistas estrangeiras.
As mulheres que têm seus maridos longe de casa, lutando em um guerra na qual a maioria das pessoas não vê sentido e considera mais prejudicial do que benéfica, decidem se reunir e fazer algo para que os homens desistam da guerra e votem a favor da paz. Para tanto, Lisístrata, uma mulher ateniense, convoca uma reunião de mulheres de diversas regiões da Grécia e diz que um meio eficiente que elas têm de ter os seus maridos de volta e de ver finda a guerra é fazendo uma greve de sexo.
                 No início, a ideia é vista com desconfiança, mas depois as mulheres decidem colocá-la em prática em nome da paz e de algo além dela. No fim, os homens desesperados e totalmente à mercê dos próprios desejos decidem votar pelo acordo de paz atraídos pela beleza e graça da conciliação, personificada na peça por uma mulher atraente e bela. Representar a conciliação por meio de uma bela mulher, ou seja, aquilo que os homens mais desejavam de corpo e alma naquele momento, não deixa de ser uma jogada literária que compreende uma ambiguidade interessante e, ao mesmo tempo, inteligente. A paz enfim é selada e as mulheres voltam aos seus maridos e estes às suas mulheres, agora mais cuidadosos quanto a cometer os mesmos erros do passado que os deixaram sem a …. PAZ.
                      As reticências antes de alguma palavra que vem em seguida é uma construção linguística constante neste texto. Ela aparece de forma sempre irônica, extremamente divertida e engraçada, com uma textura fortemente sensual, mostrando que por trás de um motivo aparentemente normal, esconde-se outro humanamente natural, mas moralmente desconcertante. Nesses momentos do texto, o leitor pode pensar exatamente aquilo que os personagens pensaram, é como um fluxo de consciência aberto e, ao mesmo tempo, velado, dá-se a entender, mas nada é dito de fato.
                      Este é sem dúvida um dos grandes acertos da peça. Fora isso, todo o texto é extremamente divertido, as falas são originais, as expressões fortes e elevadas, o que demonstra também uma certa influência de aspectos próprios da tragédia, as situações são particularmente hilárias e há uma leveza que reside na própria construção das cenas, nos diálogos, no fluir sonoro da narrativa.
                      No entanto, o mais interessante em Lisístrata é como a peça mostra o homem escravo de seus desejos, o homem facilmente manipulável, e aqui não entram apenas os homens que desistiram da guerra porque não conseguiam mais controlar o próprio desejo sexual, como também as mulheres que em vários momentos da empreitada quase desistiram não fosse o empenho e a convicção de Lisístrata em manter as mulheres firmes e seguras de si mesmas.
                     O fato é que as mulheres acabam por se revelar mais fortes diante do homem, o poder feminino fica evidente podendo acabar com uma guerra ou mudar o curso de muitos acontecimentos, pra isso a mulher precisa apenas saber controlar o seu desejo de modo a levar à loucura um outro exatamente pela privação desse mesmo desejo que se mostra menos pungente na mulher do que no homem.
                     Se pensarmos de forma mais ampla, a peça reflete também sobre a precaridade do ser humano diante do desejo, ela expõe como de fato nos tornamos escravos dele e somos levados a situações ridículas apenas na ânsia de satisfazê-lo. Em Lisístrata, assim como nas melhores obras da literatura grega, há muito de humano, muito de essencial, de íntimo, de delírio, de comportamental, há a universalidade do humano que na era moderna passaria a se confundir com o histórico e vice-versa.
                     Aristófanes se faz nesta peça um escritor visionário e habilidoso em cada palavra dita e pensada, em cada passagem vivida ou subentendida, em cada desejo sincero ou velado. E para fazer das minhas últimas palavras as palavras de Lisístrata “mas se o doce amor encher nosso corpo de desejos e deixar os homens com um entusiasmo de endurecer o … coração, creio que merecemos as maiores recompensas”.


Crédito: http://mauravoltarelli.wordpress.com/2010/06/20/em-lisistrata-aristofanes-aborda-o-poder-feminino-e-os-desejos-mais-primitivos-do-homem-por-meio-de-uma-linguagem-ambigua-e-marcadamente-literaria/

Manual do ator - Teatro

Um dos principais sentimentos que caracterizam o ser humano é um anseio belo, pela beleza criadora da vida. A ciência e o conhecimento, privados de qualidades estéticas, são aridos, pois estas são as qualidades que enobrecem e dão vida a tudo o que tocam.
O campo de estética é o campo do teatro. O teatro possui as maiores riquezas, os meios mais poderosos de afetar milhares de espectadores ao mesmo tempo, e de fazer aflorar as suas emoções artísticas. A arte do teatro é tão viva e pictórica, ilustra tão plenamente uma peça, que se torna acessível a todos, do professor ao camponês, do jovem ao idoso.
O bom teatro existirá sempre, e será o objetivo fundamental da arte do ator.

Manual do ator - Ator no teatro

Em nossa arte o lugar principal sempre coube ao ator. Por ele, fizemos tudo o que nos era possível fazer.
Acima de tudo, o teatro existe para o ator, sem o qual não pode absolutamente existir. Em cena, o único rei e senhor é o ator talentoso.
A principal diferença entre a arte do ator e as demais artes reside no fato de que os outros artistas (cujo trabalho prescinde da representação diante de um público) podem criar sempre que estiverem inspirados. O artista do palco, porém, deve ser o senhor de sua própria inspiração, e precisa saber evocá-la na hora exata anunciada pelos cartazes do teatro. Este é o segrtedo fundamental de nossa arte.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

A criação de um papel - Stanislavski

O PERÍODO DE ESTUDO
O trabalho preparatório sobre um papel pode ser dividido em três grandes períodos: estudá-lo, estabelecer a vida do papel e dar-lhe forma.

 
PRIMEIRO CONTATO COM O PAPEL

Começa com as primeiras impressões da primeira leitura. As primeiras impressões têm um frescor virginal. São os melhores estímulos possíveis para o entusiasmo e o fervor artístico, duas condições de enorme importância no processo criador.

Para registrar essas primeiras impressões, é preciso que os atores estejam com uma disposição de espírito receptiva, com um estado interior adequado. Precisam ter a concentração emocional sem a qual nenhum processo criador é possível. Temos que escolher o local e a hora. A ocasião deve ser acompanhada de certa cerimônia já que vamos convidar nossa alma para a euforia.
Na linguagem do ator, conhecer é sinônimo de sentir, ele, na primeira leitura de uma peça, deve dar rédeas soltas às suas emoções criadoras.



ANÁLISE
O segundo passo, nesse grande período preparatório, é o processo de análise. Pela análise, o ator passa a conhecer melhor o seu papel. A palavra análise tem, geralmente, uma conotação de processo intelectual, mas em arte, qualquer análise intelectual empreendida por si só e como único objetivo, será prejudicial, pois suas qualidades matemáticas e secas tendem a esfriar o impuldo artístico e o entusiasmo criador. Se o resultado da análise erudita é o pensamento, o de uma análise artística é o sentimento.

PROPÓSITOS CRIADORES DE UMA ANÁLISE

1- Estudo da obra

2- A procura do material espiritual ou de outro tipo na peça ou no processo criador

3- Auto-análise (sentimentos armazenados na memória afetiva do ator)

4- A preparação da alma do ator para a concepção de emoções inconsientes

5- A busca de estímulos criadores para a criação do papel

PLANOS PARA SE TRABALHAR NUMA PEÇA E SEUS PAPÉIS

a- O plano externo dos fatos

b- O plano da situação social

c- O plano literário

d- O plano estético

e- O palno psicológico

f- O plano físico
g- O plano dos sentimentos criadores pessoais

OBJETIVOS CRIADORES
O objetivo é o aguçador da criatividade, é a isca das nossas emoções. Esses objetivos podem ser raciocinados, conscientes, apontados pela nossa mente, ou então podem ser emocionais, incoscientes, surgindo espontâneos, intuitivamente.


A PARTITURA DE UM PAPEL

Descobrir os objetivos físicos e psicológicos que se formam no ator para a criação de sua partitura:


1- O que é que eu desejo nesse momento?
2- Qual é a primeira coisa que devo fazer?

3- O que devo fazer para que isso aconteça?

 
Convém notar que nenhum dos objetivos da partitura, é profundo. Eles só podem afetar a periferia do corpo do ator, as manifestaçoes externas de sua vida psíquica, e só muito ligeiramente afetam seus sentimentos.


O PERÍODO DA ENCARNAÇÃO FÍSICA
A primeira preocupação do ator deve ser a de proteger o seu delicado aparelho facial e visual contra qualquer desgoverno da parte de seus músculos, dos olhos e da face, por meio de hábitos contrários, solidamente implantados, graças a exercícios sistemáticos.Depois de ser utilizado ao máximo possível os sutis meios de expressão dos olhos e do rosto, pode-se começar a fazer o uso da voz, dos sons, das palavras, das entonações e da fala.
Na batalha do corpo contra os artificialismos e as tensões, convém que o ator se lembre de que nada se consegue com proibições. Não podemos proibir nosso corpo de certas coisas, mas podemos persuadi-lo a agir no rumo da expressão exterior dotada de beleza. Todo ator deve constantemente coligir material que o ajude a ampliar sua imaginação ao criar a aparência externa dos papéis.

Manual do Ator - Meu Sisitema

Meu sistema é o resultado de uma vida inteira de buscas... Ao longo de muitas tentativas, tentei desenvolver um método de trabalho para os atores que lhes desse condições de criar a imagem de um personagem, infundir-lhe a vida de um espirito humano e, por meios naturais, personificá-lo em cena, com arte e beleza...  A primeira proposição é: Não existem formas de como se tornar um grande ator ou representar este ou aquele papel. Muitos são os passos nescessários para chegar, em cena, ao verdadeiro estado criador de um ator. Quando é verdadeiro, é o estado normal de uma pessoa na vida real.Entretanto para chegar neste estado normal, um ator precisa ser: a) Fisicamente livre, tendo sob seu controle músculos livres;       b) Sua atenção deve ser infinitamente vigilante; c) deve ser capaz de ouvir e observar, em cena, da mesma forma como o faria na vida real, isto é, manter-se em contato com a pessoa com quem contracena; d) deve acreditar em tudo o que estiver acontecendo em cena e tenha ligação com a peça.
A Segunda proposição é: Um verdadeiro estado interior de criação em cena permite a um ator executar as ações que lhe são nescessárias para que possa ajustar-se às circunstâncias da peça, tanto as ações psicológicas interiores quanto as ações físicas exteriores... Na verdade, em todo ato físico há uma força motriz que impulsiona a ação física, assim como todoa ação psicológica interior também há ação física que expressa a sua natureza psíquica.
A união dessas duas ações resulta na ação orgânica em cena.
Esta ação, portanto, é determinada pelo tema da peça, por suas idéias, pelo caráter de um determinado papel e pelas cincunstância determinadas pelo dramaturgo.
Para que lhes seja mais fácil, como atores, executar esta ação em cena, situem-se inicialmente nas circunstâncias propostas pelo dramaturgo em relação ao personagem que estiverem representando. Façam a sim mesmos a pergunta: O que eu faria se a mesma coisa acontecesse comigo do mesmo jeito como acontece, na peça, ao personagem que estou representando? Descubram todas as razões que justificam as atitudes tomadas pelo seu personagem, e então ajam sem refletir sobre onde terminam as suas próprias ações e começam as "dele".
A terceira proposição é: A ação organica sincera resultará certamente na expressão de sentimentos sinceros.
Em resumo, portanto, poderíamos dizer: Em cena, um verdadeiro estado interior de criação, mais a ação e o sentimento, resultam em vida e naturalidade cênicas na forma de um dos personagens. é dessa forma que vocês chegarão o mais próximo possivel daquilo que chamamos de "metamorfose", conquanto que tenham, naturalmente, compreeendido bem a peça, suas idéias, seu tema e enredo, e tenham dado forma, em seu íntimo, ao cárater de um dos personagens da peça.
A força deste método está no fato de ele não ter sido inventado, mas de se basear nas leis da natureza. O sisitema não é uma roupa usada que vpcês possam vestir e sair usando. É toda um concepçãode vida na qual devem educar-se. E não pensem que poderão realizar todas essas coisas de uma só vez.
Se trabalharem com vontade inabalável e chegarem a conhecer e a disciplinar a sua própria natureza, só então, com talento, poderão tornar-se verdaeiros atores.
Através do estudo gradual do método, descobrirão que ele não é tão díficil de ser executado, na prática, quanto parece ser em teoria. Meu sisitema é válido para todas as nações, uma vez que todos os povos têm a mesma natureza humana. Esta última pode manifestar-se de muitas formas diferentes, mas isto não constitui m obstáculopara o meu sistema.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Manual do Ator

Manual do Ator é um livro de Martins Fontes, onde ele faz uma relação de A a Z do que Constantin Stanislavski pensava sobre o teatro.
Postarei cada tópico aos poucos e não na ordem cronólogica do livro, mas naquela que na minha opinião (as vezes, nem sempre certa) facilitaria nosso trabalho.

Espero que todos possam utilizar do que nos é passado por este que foi um dos maiores atores e diretores de todos os tempos.

OBS: Os post ficará assim, para identificação do tema abordado: EX: Manual do Ator- Meu Sistema

 
"Senti que a única coisa que me cabia fazer era dedicar meu trabalho e minha energia quase que exclusivamente ao estudo da Natureza Criadora (...)
Ao longo de anos de trabalho adquiri uma soma considerável de experiências, e é isso que tento compartilhar com vocês" Stanislavski

domingo, 22 de agosto de 2010

Stanislavski e a construção da personagem

O conceito de criação da personagem reconhece que todos seres humanos são diferentes. Como nunca encontraremos duas pessoas iguais na vida, também nunca encontraremos duas personagens idênticas. Aquilo que faz suas diferenças faz delas personagens. O público que vai ao teatro tem o direito de ver Treplev (personagem de A Gaivota, de Tchekov) hoje e Hamlet na semana seguinte, e não o mesmo ator com sua própria personalidade e seus próprios maneirismo. Embora possam ser desempenhados pelo mesmo ator, são dois homens distintos com suas personalidades e caracteristicas próprias. Mas não se pode vestir uma personagem do mesmo jeito que se veste um figurino. A criação do personagem é um processo.

O ator precisa de uma perspectiva sobre o papel: o que ele pensa sobre a personagem e o que ele quer dizer através dela. Mas, para fazer isso, é importante lembrar que a personagem também tem sua própria perspectiva, a ótica através da qual ela percebe o seu mundo. Ao longo da peça, a personagem passa pelas duas horas mais importante de sua vida, enfrenta problemas que nunca enfrentou antes e faz coisas que nunca fez. E, portanto, muitas vezes não tem uma maneira habitual de agir. Por isso, a personagem é capaz de supreeender e até, as vezes, ser contraditória. Nenhum personagem é completo, mesmo os heróis gregos tinham suas falhas trágicas. Modernamente, a dramartugia nos oferece pais exemplares que se apaixonam perdidamente por travestis. O primeiro contato do ator com a personagem se dá por intermédio do seu problema humano. Esta relação entre a situação objetiva da personagem e a íntima necessidade pessoal de transformá-la, cria  uma síntese dos lados objetivo e subjetivo da personagem. A ação torna visível a vida interna e cria uma base para a experiência vivenciada. Esta síntese leva a uma visão artística do papel onde a expressão externa não esta separada do seu conteúdo da experiência humana. Os objetivos a serem atingidos orientam a personagem ao longo da peça. A cada instante a personagem reavalia sua situação perante seu objetivo e disso surge a necessidade de agir.

É comum identificar o lado psicológico (a vida interna) da personagem com as suas emoções. Na verdade, Stanislavski, elaborador do sistema para o ator, se preocupou durante toda a sua vida artística com o problema da criação da experiência verdadeira. Ele entendeu que as emoções não estão sujeitas a nossa vontade, e sim ao resultado de um processo de vida. Elas não podem ser atingidas diretamentes. A ação é o indicador mais preciso da personagem. É inútil elaborar como a personagem vai agir sem saber qual ação que vai fazer.

Por ação entendemos uma ato que envolve o ser humano inteiro na tentativa de atingir um objetivo especifico. Na ação orgânica o desejo, pensamento, vontade, sentimento e corpo estão unidos. De fato, o homem inteiro participa da ação, por isso sua importância na criação da personagem. Agimos a partir de nossas percepções. Elas e nossas ações expressam quem somos nós. Percebemos, avaliamos e depois agimos. O interior, que é invisivel, se torna externo, visível e artístico através da ação. "A lógica dos pensamentos gera a lógica das ações, que gera a lógica das emoções".

A personagem se diferencia do ator de duas formas distintas, ambas relacionadas com a ação. Como individuos somo capazes de empreender uma grande variedade de ações. A personagem ameaça e o ator também pode ameaçar. A personagem consola, mas o ator também o faz. Mas o que difencia o ator da personagem não são as ações simples, individualmente (ameaçar, consolar, desejar, etc), mas a "ação complexa" - no conjunto dessas ações simples que está dirigida a um objetivo, único, provido de coerência e lógica próprias.
Trabalhando e experimentando esta coerência ou lógica de ações que não pertencem ao ator e sim a personagem, o ator começa a entrar no fluxo de vida da personagem.

Ao longo de uma peça, a personagem é capaz de realizar um número significante de ações que constituem uma linha que atravessa todo o texto. A linha continua de ações é a linha consecutiva de ações de uma personagem que o ator desenvolve a fim de reforçar a lógica e sequência de seu comportamento no papel. Serve-lhe da mesma forma que uma partitura serve ao pianista, dando ao seu desempenho unidade, ordem e perspectiva.
Um conceito básico de criação da personagem: ela existe a partir de sua lógica de ações.
Criar a linha continua de ações de uma personagem com sua lógica de ações envolve o ator com sua mente, alma e corpo juntos, numa pesquisa psicofisica.

A personagem se diferencia do ator no que diz respeito à lógica de ações e no que diz respeito à maneira de agir. Além da linha contínua das ações com sua coerência própria, o ator também se preocupa com as caracteristicas da personagem. A composição de hábitos de comportamento é chamada de caracterização. Muitos atores encaram seu trabalho como o descobrimento do gestual particular da personagem. O problema da caracterização tem duas vertentes. O ser humano existe como individuo e como integrante de um grupo social. Dar individualidade e agregar caracteristicas que situem a personagem a seus respectivos grupos sociais.
As classes sociais, as profissões, as faixas etárias, demonstram comportamento compartilhado que é imediatamente reconhecivel. O comportamento humano também muda de país para país e de época para época.

Os atores de A Gaivota, que retrata várias camadas da sociedade russa do final do século XIX precisam ser sensíveis ao fato de que suas personagens se apropriem dos padrões de comportamento de um outro país e de uma outra época. Também, dentro dessa sociedade, as pessoas estão separadas pelas classes, funções sociais, uma ampla pesquisa é nescessária para qualquer peça que fuja de nossa época atual. Mas precisamos ficar atentos a observações superficiais e tentação de criar verdades absolutas. É verdade que militares, em geral, compartilham características próprias que os diferem dos surfistas, por exemplo, mas nem todos militares são, e pode mesmo haver um militar/surfista. O que quero dizer é que há muitas personagens pertecentes a quadros muitos característicos, mas que fogem às características mais marcante de seus quadros.

Dentro dos grupos, cada ser humano é um índividuo com suas características próprias. E o que as determinam como características individuais, ou melhor dizendo, como modos de comportamento são peculiaridades interessante, como andar diferente, por exemplo, ou um andar desleixado, ou falar monótono e agudo, uma risada estridente, etc. Enfim, características que se somem em um individuo e que componham sua personalidade. É evidente que suas manifestações externas devem estar associadas as realidades internas e mais profundas da personagem.

Na descoberta de uma lógica de ação única e indispensável, o ator percebe que a personagem demonstra certas tendências de ação. Por exemplo: Treplev explode quase todas as cenas, mas ao invés de reconhecermos nele unicamente um personagem explosivo, devemos estar atentos para os motivos que o levam a explodir. É preciso lembrar que o tempo da peça é o tempo em que a vida da personagem está no limite. Questionando os fatos que o levam a perder a cabeça, temos um primeiro passo para estabelecer uma fisicalidade da personagem. Temos base de sua composição física, temos como fazer. Ao adaptar seu corpo a situação em que se encontra a personagem, o ator começa a compor seu papel.

Finalmente, o que vai distinguir a personagem do ator é a forma como a ação da personagem é executada. Hamlet vai inevitavelmente ameaçar de forma diferente da que faria o ator, pois, além do fato de cada ser humano ser único e a personagem ser um ser humano, para caracterizar o ator precisa recompor seu próprio comportamento. Para fazer isso, sem cair na imitação fácil, é necessário transformar os componentes da ação interna e externa que são suscetíveis ao nosso controle: ação física, estado físico, tempo e ritmo, monólogo interior, pensamentos. Este processo se estende pelo período de ensaios e temporadas, e até depois. É comum um ator inexperiente e mesmo experiente rejeitarem novos modos de agir - é mais cômodo apostar na naturalidade, no espontâneo e mesmo nos clichês para compor as personagens porque compor uma personagem meticulosamente, passo a passo, rejeitando diversas tentativas até encontrar um caminho satisfatório é tarefa árdua. A descoberta de uma ação psicofísica única e indispensável da personagem, que o sintetize, significa também em certa medida, a "morte" do ator e sua "reencarnação" dentro da personagem, e isso gera medo e nem sempre é desejado pelos atores.

Novidades...

Galera, a partir de agora estarei postando no blog além das pesquisas habituais e pontuais sobre a peça Lisístrata, textos relacionados sobre a nossa arte a de atuar. Espero que possa ser de bom proveito para todos nós.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

ATENAS

Introdução


Por volta dos anos 500 e 400 AC, esta cidade, fundada há mais de 3.000 anos, era a mais próspera da Grécia Antiga e possuía um poderoso líder: Péricles. Nesta fase, a divisão hierárquica seguia a seguinte ordem: nobres, homens livres e uma grande quantidade de escravos que realizavam trabalhos como mercadores, carpinteiros, professores e marceneiros.


História e características sociais, políticas e econômicas

Deusa Atena, protetora da cidade
Por ser uma cidade bem sucedida e comercial, Atenas despertou a cobiça de muitas cidades gregas. Esparta se uniu a outras cidades gregas para atacar Atenas. A Guerra do Peloponeso (431 a 404 a.C.) durou 27 anos e Esparta venceu, tomando a capital grega para si, que, a propósito, continuou riquíssima culturalmente.

Alguns dos maiores nomes do mundo viveram nesta região repleta de escritores, pensadores e escultores, entre eles estão: os autores de peças de teatro Ésquilo, Sófocles, Eurípedes e Aristófanes e também os grandes filósofos Platão e Sócrates.

Atenas destacou-se muito pela preocupação com o desenvolvimento artístico e cultural de seu povo, desenvolvendo uma civilização de forte brilho intelectual. Na arquitetura, destacam-se os lindos templos erguidos em homenagens aos deuses, principalmente a deusa Atena, protetora da cidade.


A democracia ateniense privilegiava apenas seus cidadãos (homens livres, nascidos em Atenas e maiores de idade) com o direito de participar ativamente da Assembléia e também de fazer a magistratura. No caso dos estrangeiros, estes, além de não terem os mesmos direitos, eram obrigados a pagar impostos e prestar serviços militares.

Hoje em dia, Atenas tem mais de dois milhões e meio de habitantes, e, embora tenha inúmeras construções modernas, continua com suas ruínas que remetem aos memoráveis tempos antigos. A cidade é um dos principais pontos turísticos da Europa.

ESPARTA



Introdução



Esparta foi uma das principais polis (cidades-estado) da Grécia Antiga. Situava-se geograficamente na região sudeste da Península do Peloponeso. Destacou-se no aspecto militar, pois foi fundada pelos dórios.
A cidade de Esparta foi fundada no século IX a C pelo povo dório que penetrou pela península em busca de terras férteis. Quatro aldeias da região da Lacônia uniram-se para formar a cidade de Esparta. A cidade cresceu nos séculos seguintes e o aumento populacional fez com que os espartanos buscassem a ampliação de seu território através de guerras. No final do século VIII aC, os espartanos conquistaram toda a planície da Lacônia. Nos anos seguintes, Esparta organizou a formação da Liga do Peloponeso, reunindo o poderio militar de várias polis da região, exceto a rival Argos.
O poder militar de Esparta foi extremamente importante nas Guerras Médicas (contra os persas). Uniu-se a Atenas e outras cidades para impedir a invasão do inimigo comum. O exército espartano foi fundamental na defesa terrestre (Atenas fez a defesa marítima) durante as batalhas. Após as Guerras Médicas, a luta pela hegemonia no território grego colocou Atenas e Esparta em posições contrárias. De 431 a 404, ocorreu a Guerra do Peloponeso entre Atenas e Esparta, que foi vencida pelos espartanos.






Sociedade Espartana

Em Esparta a sociedade era estamental, ou seja, dividida em camadas sociais onde havia pouca mobilidade. A sociedade estava composta da seguinte forma:
Esparcíatas: eram os cidadãos de Esparta. Filhos de mães e pais espartanos, haviam recebido a educação espartana. Esta camada social era composta por políticos, integrantes do exército e ricos proprietários de terras. Só os esparcíatas tinham direitos políticos.
Periecos: eram pequenos comerciantes e artesãos. Moravam na periferia da cidade e não possuíam direitos políticos. Não recebiam educação, porém tinham que combater no exército, quando convocados. Eram obrigados a pagar impostos.
Hilotas: levavam uma vida miserável, pois eram obrigados a trabalhar quase de graça nas terras dos esparcíatas. Não tinham direitos políticos e eram alvos de humilhações e massacres. Chegaram a organizar várias revoltas sociais em Esparta, combatidas com extrema violência pelo exército.


Educação Espartana


O princípio da educação espartana era formar bons soldados para abastecer o exército da polis. Com sete anos de idade o menino esparcíata era enviado pelos pais ao exército. Começava a vida de preparação militar com muitos exercícios físicos e treinamento. Com 30 anos ele se tornava um oficial e ganhava os direitos políticos. A menina espartana também passava por treinamento militar e muita atividade física para ficar saudável e gerar filhos fortes para o exército.


Política Espartana

 
Reis: a cidade era governada por dois reis que possuíam funções militares e religiosas. Tinham vários privilégios.
Assembléia: constituída pelos cidadãos, que se reuniam na Apella (ao ar livre) uma vez por mês para tomar decisões políticas como, por exemplo, aprovação ou rejeição de leis.
Gerúsia: formada por vinte e oito gerontes (cidadãos com mais de 60 anos) e os dois reis. Elaboram as leis da cidade que eram votadas pela Assembléia.
Éforos: formado por cinco cidadãos, tinham diversos poderes administrativos, militares, judiciais e políticos. Atuavam na política como se fossem verdadeiros chefes de governo.

Religião Espartana

Assim como em outras cidades da Grécia Antiga, em Esparta a religião era politeísta (acreditavam em vários deuses). Arqueólogos encontraram diversos templos nas ruínas de Esparta. Atena (deusa da sabedoria) era a mais cultuada na cidade.


Aula de Corpo

Nesta quinta feira 12/08/10 tivemos aula de corpo com a Dani. Realizamos alguns exercicios de equilibrio, postura e modo de caminhar, trabalhos de tonos. Logo depois a Dani começou a montagem do enfrentamento do coro dos homens e do coro das mulheres.
A aula foi muito produtiva.
Ponto positivo para a Mayra que arrasou nas cambalhotas rsrsrs.
E para a Regiane que mostrou um esforço tremendo para executar os exercicios parabéns para ambas.

Ártemis

Ártemis (gr. Ἄρτεμις) é, de certa forma, a versão feminina de Apolo, seu irmão gêmeo. Apesar de ser primariamente uma deusa da caça e da vida selvagem, era também associada ao parto e à lua, coisas ligadas respectivamente a rituais de fertilidade e à magia.

Ἄρτεμιν ἀείδω χρυσηλάκατον, κελαδεινήν,


παρθένον αἰδοίην, ἐλαφηβόλον, ἰοχέαιραν,


αὐτοκασιγνήτην χρυσαόρου Ἀπόλλωνος,


Eu canto Ártemis das flechas de ouro, a ruidosa,


virgem veneranda, abatedora de corças, a arqueira,


a própria irmã de Apolo da espada de ouro.


hino homérico 27.1-3
Origem
 Ártemis é citada nas tabuinhas micênicas em linear B (Pilos, séc. -XIII) e, com o tempo, incorporou os atributos de diversas divindades muito antigas, provavelmente pré-helênicas, como Selene, a deusa da lua, Hécate, Ilítia e Ortia, uma deusa do nascimento cultuada na Lacônia. Por ser também uma deusa da caça, é possível até que tenha sido adorada nessa forma durante o Paleolítico, época em que a caça estave no apogeu.
As relações com a deusa-mãe da Ásia Menor, "senhora dos animais", e com as deusas minóicas são evidentes e igualmente muito antigas. Sua helenização, portanto, não foi completa — na Ilíada, por exemplo, Homero se refere a ela como senhora dos animais (Il. 21.470). É interessante notar que mais tarde, durante o Período Arcaico, o culto à deusa Cibele (uma "senhora dos animais" de origem puramente anatólica) se tornou muito popular em toda a Grécia, paralelamente ao culto de Ártemis.
Para os gregos, Ártemis era filha de Zeus e de Letó, filha do titã Ceos, e o primeiro mito de que participou foi o do próprio nascimento, pois ajudou o parto de Apolo assim que saiu do útero de Letó.

A virgem caçadora


Ártemis usava o arco tão bem quanto Apolo e era capaz de provocar, com suas flechas, a morte súbita nas mulheres. Eternamente virgem, seu único prazer era a caça; vivia sozinha nos bosques com as ninfas e os animais selvagens.


Na maioria das lendas de que participa, como por exemplo a de Níobe, a do javali de Cálidon e a de Ifigênia, aparece como uma deusa suscetível e vingativa. Preservava também ciosamente sua intimidade e a castidade das ninfas que a seguiam, como fica evidente pelas lendas de Órion, Calisto e Actéon.
Órion (gr. Ὠρίων), filho de Posídon, era um gigantesco caçador que se apaixonara por uma das ninfas — ou pela própria deusa, conforme a versão — e morreu devido à mordida de um escorpião enviado por Ártemis. Em uma variante da lenda, Órion perseguiu as Plêiades e, assim como elas, acabou transformado em constelação.
Calisto (gr. Καλλιστώ) era uma ninfa que acompanhava a deusa pelos bosques e por quem Zeus se apaixonara. Como ela fugia de todos os homens, a exemplo de Ártemis, Zeus se aproximou dela na forma da própria Ártemis, e conseguiu seduzí-la. Quando a deusa percebeu a gravidez de Calisto, expulsou-a de sua companhia e, mais tarde, transformou-a em ursa.
Actéon era filho de Aristeu e de Autônoe e, portanto, neto de Apolo e sobrinho-neto de Ártemis. Ao caçar na floresta, Actéon viu acidentalmente Ártemis em seu banho. A deusa o transformou imediatamente em veado e atiçou seus próprios cães contra ele. Os animais, incapazes de reconhecer o dono, atacaram e devoraram o azarado caçador.


Iconografia e culto
Nas representações arcaicas e clássicas, Ártemis era uma moça bela e severa, em trajes de caça, armada de arco e flecha e muitas vezes acompanhada de animais (uma corça, habitualmente).
Embora fosse cultuada em toda a Grécia, seus santuários mais importantes ficavam em Brauron (Ática), Esparta, Perga e Éfeso, onde o templo a ela dedicado foi considerado uma das Sete Maravilhas do Mundo.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Música: Mulheres de Atenas (Chico Buarque)

Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas
Vivem pros seu maridos, orgulho e raça de Atenas
Quando amadas, se perfumam
Se banham com leite, se arrumam
Suas melenas
Quando fustigadas não choram
Se ajoelham, pedem, imploram
Mais duras penas
Cadenas


Sofrem pros seus maridos, poder e força de Atenas
Quando eles embarcam, soldados
Elas tecem longos bordados
Mil quarentenas
E quando eles voltam sedentos
Querem arrancar violentos
Carícias plenas
Obscenas

Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas
Despem-se pros maridos, bravos guerreiros de Atenas
Quando eles se entopem de vinho
Costumam buscar o carinho
De outras faledas
Mas no fim da noite, aos pedaços
Quase sempre voltam pros braços
De suas pequenas
Helenas


Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas
Geram pros seus maridos os novos filhos de Atenas
Elas não têm gosto ou vontade
Nem defeito nem qualidade
Têm medo apenas
Não têm sonhos, só têm presságios
Seu homem mais notável
Lindas sirenas
Morenas

Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas
Temem por seus maridos, heróis e amantes de Atenas
As jovens viúvas marcadas
E as gestantes abandonadas
Não fazem cenas
Vestem-se de negro, se encolhem
Se conformam e se recolhem
Às suas novenas
Serenas

Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas
Secam por seus maridos, orgulho e raça de Atenas


Segue o link do video com o Chico cantando: http://www.youtube.com/watch?v=YE9rfrvyzOo
Link com a analise da letra do Chico e do Augusto Boal: http://www.mundocultural.com.br/analise/Mulheres_de_Atenas.PDF

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

O Estige

Caronte transportando almas para o subterrânio no rio Estige
Um rio na entrada do mundo subterrâneo. Freqüentemente era descrito como o rio através do qual o barqueiro Caronte transportava as almas dos mortos. O rio foi personificado como uma das filhas do Titã Oceano, e Estige era o guardião dos juramentos sagrados que une os deuses. O nome atual do rio é Mavroneri, e está situado ao nordeste da Arcádia, na Grécia. Ele mergulha num princípio de 183 mt e então flui por um desfiladeiro selvagem. Os antigos gregos acreditavam que suas águas eram venenosas, e o rio foi associado ao mundo subterrâneo no tempo de Homero.

O que é o Pritaneu?

Pritaneu

(Prytaneium ou Prytaneum) era o nome dado pelos antigos gregos ao coração da cada cidade que se representava por um fogo eterno que queimava a um altar ao edifício denominado Pritaneu, igual que um fogo queimava às casas privadas num altar doméstico ao pátio interior.
O eleans são os primeiros que mantiveram este fogo dia e noite. Em Atenas os embaixadores estrangeiros eram recebidos ao Pritaneu. Neste lugar também passavam dia detrás dia os sucessivos pritanes ou presidentes do senado e outros cidadãos distinguidos por serviços ao estado, privilégio garantido a vezes de maneira perpetua e outras por tempo limitado.


O fogo da cada cidade trazia-se às suas colónias; se alguma vez extinguia-se o fogo, tinha-se de voltar a trazer da cidade mãe. Finalmente o Pritaneu aconteceu símbolo da independência dos estados e assim o assinala Tucídides, e se tinha estendido por toda Grécia.

O Pritaneu de Atenas era sob a Acrópole, à sua parte norte, e foi originalmente um lugar para assembléias.

Tirando à duvida da aula passada...

Priapo ou Príapo (em grego: Πρίαπος, transl. Príapos) é o deus grego da fertilidade, filho de Dionísio e Afrodite.[1] Sua imagem é apresentada como um homem idoso, mostrando um grande órgão genital (ereto). Priapo era considerado como protector de rebanhos, produtos hortículas, uvas e abelhas.

Deus Príapo

Dionísio vindo vitorioso de batalhas nas Índias, foi por Afrodite ardorosamente recebido e dessa união nasceu Priapo. Hera, ciumenta de Afrodite, trabalhou para que a criança nascesse com a sua enorme deformidade (curiosamente ele sempre é representado com um pênis de tamanho exagerado). Sua mãe mandou educá-lo nas margens do Helesponto em Lampasaco, onde por conta de sua libertinagem e desregramento tornou-se objeto de terror e repulsa. A cidade foi tomada por uma epidemia e os habitantes viram nisso uma retaliação por não terem dado atenção ao filho de Afrodite, fizeram rituais e pediram que ele ficasse entre eles.

Representações
É representado por um busto em cima de uma pilastra com cornos de bode, orelhas de cabra, uma coroa de folhas de vinha ou de loureiro. Os antigos borravam as estátuas com cinábrio ou zarcão, algumas vezes coloca-se instrumentos de jardinagem junto à imagem, cestos para fruta, foice, um bastão para afastar ladrões e uma vara para amedrontar os pássaros. Sobre o monumento colocam também cabeças de burro e outros animais que os habitantes lhe ofereciam em sacrifício. Existia ainda um ritual onde meninas virgens sentavam em cima de um falo gigante representando Priapo.