Lisistrata/ Pesquisa Teatral

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Manual do ator - Atores "Inspirados"

Há momentos em que, súbita e inesperadamente, vocês se elevam ao ponto culminante de sua arte e arrebatam o público. Nestas horas, estão criando de acordo com sua inspiração (...), mas será que teriam vitalidade para representar cinco grandes atos de Otelo com o mesmo entusiasmo com que, por acaso, representaram uma parte daquela pequena cena? (...) Tal proeza estaria muito distante da força de um gênio de extraordinário temperamento. (...) Para os objetivos a que nos propomos, vocês devem ter, uma técnica psicológica bem desenvolvida, um enorme talento, grandes reservas físicas e nervos resistentes. Tanto quanto os atores "inspirados", que não admitem a técnica, vocês não possuem essas qualidades. Ambos confiam inteiramente na inspiração. Se esta inspiração não se manifestar, nem eles nem vocês terão nada com que preencher os espaços vazios.
Quase que invariavelmente os atores não admitem que leis, técnicas, teorias, e menos ainda um sistema, participem de alguma forma da elaboração de seu trabalho. Os atores são dominados pelo seu "gênio". Quanto menos talentoso for o ator, maior será o seu "gênio", que não lhe permite fazer uma abordagem consciente de sua arte. Tais atores (...) consideram um incômodo todo fator consciente que interfira em sua criatividade. Acham mais fácil ser ator pela graça de Deus. Não vou negar que, em algumas ocasiões, e por motivos desconhecidos, são capazes de um dominio intuitivo e emocional de seus papéis, e atuam razoavelmente em uma cena, ou mesmo durante uma representação. Um ator, porém, não pode arriscar sua carreira em alguns sucessos ocasionais. O acaso não é arte (...) Sobre ele nada pode ser construido.

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